sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Na Aldeia Silenciosa

A primavera sonhou que era verão
Os pássaros acordam a madrugada
Anunciando um dia quente de emoção
Promessa de amor doce alcançada

Sopra morna a leve aragem verde
Trás um intenso cheiro das giestas
Todo o monte é um jardim em tela
Branco amarelo rosa são aguarela

Na aldeia silenciosa

Ladram os cães miam os gatos
Brincando ou buscando alimento
Armam nas ruas seus desacatos
Para não ficarem sem sustento

Na aldeia silenciosa

Povoada por asas de magia
No meio das casas em nostalgia
Chilreia a mais diversa passarada
Desenhando horizontes animada

Esperto o cuco chama o sol
Empoleirado no galho o rouxinol
Melros andorinhas e cotovias
Desafiam despicadas melodias

Na aldeia silenciosa

Toca o sino no campanário
Corre a água na fonte sem idade
Num silencio do seu rosário
Há um murmúrio de saudade…

Desses tempos que já lá vão
De festas convívios e animação
De longínquos dias de verão
E noites guardadas no coração

Nas ruas passava o gado a balir
Cruzavam-se e saudavam-se as gentes
Do trabalho ou da fonte num ir e vir
Almas cansadas de rostos contentes

Pairava o cheiro do forno a broa
No galinheiro sempre havia ovos
Vidas que passaram de gente boa
Que ignoram agora os mais novos…

Da aldeia ruidosa jaz agora este silencio…

Tiló Henriques