sábado, 28 de março de 2015

Sonhos Rurais e Reais

Sonhava contigo cada vez que saía à rua. O transito da cidade parecia esmagar-me a alma, as pessoas, sisudas, passavam por mim como quem passa por ninguém. Lembro-me de no início me sentir bem no meio desta multidão, ter a minha tao desejada privacidade, ser dona da minha vida sem que ninguém me apontasse o dedo. Vivia assim, nesta grade cidade. Ate que um dia percebi que o que esta cidade me oferece não é privacidade, mas sim desprezo, o mesmo desfavor que oferece a outros milhares de pessoas, muitas acabam por morrer esquecidas nos seus apartamentos, outras tantas passam a vida sem perceber o valor da solidariedade, a alegria de um bom dia, o amor da fraternidade. Sonhava contigo sempre que saia à rua, até que acordei. Agora decidi regressar a ti, minha querida aldeia, e esta ansiedade de te abraçar e sentir quase dá cabo de mim. O meu amor aceitou a proposta, os filhos apoiaram e nós decidimos regressar. Imaginamos agora a paz de acordar no silêncio de um lar aldeão, o sabor daquele maravilhoso pão, os bons dias e as boas tardes, as festas e os convívios, as caminhadas ate à igreja e as idas ao café... a pé. Coisas simples mas que nos irão fazer felizes. Vamos trocar as compras nos shoppings por coisas tao simples como semear umas sementes, vamos trocar cinemas por bons livros, vamos trocar a privacidade por solidariedade, vamos sentir Portugal. Ai... é tao bom sonhar e sentir o que é real.


Paulo Costa


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