Sonhava contigo cada vez que saía
à rua. O transito da cidade parecia esmagar-me a alma, as pessoas, sisudas,
passavam por mim como quem passa por ninguém. Lembro-me de no início me sentir
bem no meio desta multidão, ter a minha tao desejada privacidade, ser dona da
minha vida sem que ninguém me apontasse o dedo. Vivia assim, nesta grade
cidade. Ate que um dia percebi que o que esta cidade me oferece não é
privacidade, mas sim desprezo, o mesmo desfavor que oferece a outros milhares
de pessoas, muitas acabam por morrer esquecidas nos seus apartamentos, outras
tantas passam a vida sem perceber o valor da solidariedade, a alegria de um bom
dia, o amor da fraternidade. Sonhava contigo sempre que saia à rua, até que
acordei. Agora decidi regressar a ti, minha querida aldeia, e esta ansiedade de
te abraçar e sentir quase dá cabo de mim. O meu amor aceitou a proposta, os
filhos apoiaram e nós decidimos regressar. Imaginamos agora a paz de acordar no
silêncio de um lar aldeão, o sabor daquele maravilhoso pão, os bons dias e as
boas tardes, as festas e os convívios, as caminhadas ate à igreja e as idas ao
café... a pé. Coisas simples mas que nos irão fazer felizes. Vamos trocar as
compras nos shoppings por coisas tao simples como semear umas sementes, vamos
trocar cinemas por bons livros, vamos trocar a privacidade por solidariedade,
vamos sentir Portugal. Ai... é tao bom sonhar e sentir o que é real.
Paulo Costa
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