terça-feira, 23 de setembro de 2014

Chora ó videira

Antoninho, cacho d´uva,
Oh quem te depenicara:
De baguinho, em baguinho,
Que nem um só te deixara.

Ó meu amor, vinho, vinho
Que eu água não sei beber;
A água tem sanguessugas,
Tenho medo de morrer.

Vinho feito a martelo,
bebe-se de qualquer maneira;
Mas para animar a malta,
Não há como o da videira.

A videira muito alta
Faz sombra, não dá mais nada;
Mas para dar belas uvas
Precisa de ser podada.

Menina que anda na vinha,
Dê-me um cachinho alvar;
Que eu lhe darei um arinto,
Quando o meu pai vindimar.

Não quero ricos cavalos,
Nem os palácios reais;
Queria ter uma adega
Com trinta pipas ou mais.

Chora a videira,
Chora a videirinha;
Chora a videira
Olha a rosa minha.

Chora a videira,
Chora, chora, chora
Pelo vinho mosto,
Que se vai embora.

ALEGRIAS POPULARES, Cancioneiro Folclórico do Concelho de Seia, BA, Jaime Pinto Correia, vol. I, 1952, vol. II, 1967

Sem comentários:

Enviar um comentário