Com
a chegada do outono tem inicio mais uma fase de trabalho agrícola. Desta vez
será a tarefa final relacionada com as vinhas, após um ano de diversos
trabalhos e ofícios sobre a videira eis que surge o momento da colheita das
uvas, a vindima.
A
agitação em torno da vindima começou já no mês de agosto com a chegada das
cartas da adega cooperativa para que cada pessoa marque quais os dias em que pretende
fazer a sua vindima. As pessoas começaram a difícil tarefa de procurar pessoal
para auxiliar no dia em que decidiram fazer a vindima. É difícil encontrar
pessoas para a vindima pois a aldeia não tem grande quantidade de habitantes e
a maioria dos que ainda resistem à desertificação são pessoas já com alguma
idade a quem já faltam as forças para trabalhos mais pesados. Algumas pessoas
vão vindimar para outras para assim depois irem para elas também, havendo troca
de pessoal e entre ajuda o que facilita a tarefa, porém, nem sempre é possível efectuar todo o trabalho
assim sendo necessário chamar algumas pessoas a ganhar o dia. Com as trocas e
as pessoas chamadas a ganhar o dia assim se cria o “rancho” necessário para a
colheita das uvas.
Chegado
o dia da vindima, o pessoal junta-se e vão ate à vinha. Dependendo da
quantidade de gente que há, assim se opta por levar mais ou menos arretos de cada vez. As pessoas organizam-se e vão
colhendo as uvas, separando a uva branca da uva tinta, enquanto um tractor vai
andando por perto para fazer a recolha dos caldeiros individuais para a caixa.
Quando a caixa do tractor enche este sai da zona em que as pessoas andam a
colher e vai despejar a um outro tractor com um reboque que contem os latões,
de grandes dimensões que vão fazer o transporte das uvas da vinha para a adega
cooperativa. É comum andar mais que um tractor ao longo dos arretos para a
recolha e se a pessoas tiver bastantes uvas também será mais que um tractor a
caminho da adega, assim, enquanto um vai despejar está outro disponível para se
poder ir colhendo. Também é importante a existência de mais do que um tractor a
caminho da adega, quando necessário, uma vez que uma ida à adega é sempre uma
incógnita, nunca se sabe se vai demorar ou não, pode haver muita gente a tentar
depositar uvas e é necessário aguardar a vez. A manhã passa e as videiras vão
ficando vazias com o passar das pessoas pelos arretos, chegada a hora de
almoço, é momento de pausa para um pouco de descanso e alimentação e algum
convívio também. Após a paragem para almoço segue-se mais uma tarde em tudo
parecida com a manhã com mais uvas à espera de uma tesoura que as separe da
videira que as susteve até ao seu amadurecimento. Dependendo da quantidade de uvas do dono das
videiras assim o dia de trabalho pode ser mais curto ou mais longo, há ocasiões
em que as vindimas ao meio dia estão terminadas outras em que só um dia não é o
suficiente para se colherem todas as uvas.
A
vindima é geralmente o trabalho relacionado com a videira que envolve mais
gente, porem não é o único trabalho necessário ao longo do ano. Para que
anualmente se faça a vindima há um conjunto de tarefas que necessitam de ser
feitas ao longo do ano para tratar das vinhas. Assim, na fase mais fria do ano,
ao longo dos meses de inverno faz-se a poda da videira que consiste na
“limpeza” da planta para que a mesma possa rebentar de novo na primavera seguinte,
na poda geralmente deixa-se apenas uma vara e um polegar à planta. Já no decorrer
da primavera, ata-se a vara que foi deixada na poda a um arame existente ao
longo do arreto das videiras para que a videira em torno daquela vara que se
prende. Geralmente recorre-se a junco para atar as videiras. Com o tempo de
primavera (por vezes) mais quente faz-se a descava na qual se faz uma pequena
cova em torno da videira para possibilitar a eliminação dos bravos. Após serem
retirados os bravos procede-se à lavragem dos terrenos para voltar a tapar a
planta e assim as proteger dos raios solares. Dependendo das condições
meteorológicas e do estado fenológico da videira, assim se fazem diversos
tratamentos na planta. Há quem retire algumas folhas às videiras para que os
raios solares cheguem mais facilmente às uvas, quem corte as varas antes de
lavrar para não se partirem com a passagem do tractor pelos arretos, e também quem
deite fertilizantes junto das plantas para as fortalecer… Todos estes trabalhos
devem ser repetidos anualmente e são importantes para a manutenção da vindima.
A
vindima não se resume apenas ao dia em que uma pessoa decide colher as uvas. As
cartas da adega chegaram no fim do mês de agosto, desde aí com a procura do
pessoal para o trabalho até ao término da vindima própria e de todas as pessoas
a quem se prometeu o dia a azafama não pára. Para a nossa aldeia a adega
cooperativa ainda não abriu porém nos últimos dias se tem notado que a vindima
está próxima uma vez que os tractores a caminho da adega vindo de outras
aldeias já se fazem sentir, a adega cooperativa não abre as portas para todo o
concelho ao mesmo tempo pois há zonas em que as uvas amadurecem mais cedo que
outras, havendo assim localidades onde a vindima já se faz sentir antes de a
adega abrir para a nossa terra.
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