quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Da minha aldeia vê-se o mundo inteiro

Passam as horas sobre mim como a chuva grossa sobre a calçada
Os dias fecham-se em mim como o nevoeiro cerrado sobre a minha aldeia
É o outono que chama
São as folhas que se soltam dos ramos mais altos e se deixam cair no chão húmido
São os rios que ganham vida e nascem de novo
É o sol que se esconde por detrás da lua e sorri para outra gente
A vida dá e volta a dar
É o outono que chama
É a música do tempo que se acerca de mim
São as palavras verdes sobre um manto castanho
Deito-me sobre a janela da minha aldeia e vejo a lua
Vejo a lua e sei que estás do outro lado
Da minha aldeia vê-se o mundo inteiro.

Texto retirado do Blog "Viajante Intemporal"






quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Cântico da Terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.