sábado, 31 de janeiro de 2015

Homens Grandes

Os Homens Grandes não precisam de ser altos, nem nascem sem limite de crescimento... e são eternos.
Oh aldeia minha que és tão linda! O meu mundo és tu, tu és o meu mundo. Cresci aqui, abraçado por ti, abraçado a ti. Quantas histórias dos meus dias contarão as pedras das tuas ruas, aldeia minha! Uns dizem que são historias, outros afirmam as nossas tradições... Mas para mim, na verdade, és tudo o que tenho, és a minha cama e os meus lençóis. Como te amo aldeia minha, como gosto das tuas curvas. Inscrevi no teu coração toda a razão da minha vida, pintei no teu tronco os mais belos quadros do meu ser, cozinhei em ti o que existe em mim. Oh aldeia minha que és tão linda! Amo as tuas tradições e delicio-me com as tuas histórias. A festa é algo que dizem secular, mas para mim, cada novo ano, é um regresso há minha infância. A camisa nova, os sapatos engraxados, a barba sempre feita e os sorrisos perdidos por entre ruas e ruelas... A banda de música que passa manhã cedo, o grupo musical que toca até tarde, os amigos que se abraçam e se confessam... Oh aldeia minha que és tão linda! Sou criança em ti, és amor em mim! Perco-me na tua eternidade, resguardo-me na tua juventude e protejo-me na tua forma de ser, sempre correta e fraterna, sempre justa e verdadeira. Oh aldeia minha que és tão linda!

Paulo Costa


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Vamos Cantar As Janeiras

Aos primeiros dias do ano, e durante todo o mês de Janeiro, era usual grupos de homens e mulheres se reunirem e irem pelas ruas Cantar As Janeiras, uma tradição, que servia para comemorar a entrada do novo ano, cumprimentar conhecidos e desconhecidos que abriam as portas de suas casas aos grupos de cantores, e uma forma de dar graças pelas bênçãos do ano anterior, nomeadamente a nível agrícola. Cá, as Janeiras cantavam-se assim:

Apenas aqui cheguei
Logo pus o pé na escada,
Logo meu coração disse:
Aqui mora gente honrada;

Pela noite de Natal,
Noite de tanta alegria,
Caminhando vai José,
Caminhando vai Maria,

Ambos os dois p´ra Belém,
Mais de noite que de dia.
E chegaram a Belém,
Já toda a gente dormia..

Porteiro, abri a porta,
Porteiro da portaria.
A porta não quiz abrir,
A gente que não conhecia..

Dilatem-se aí senhores,
Até que rompa o dia.
Não encontrando pousada,
Foram p´ra uma estrebaria.

S.José foi buscar lume,
Porque a noite estava fria,
E do céu veio uma estrela
Que todo o mundo alumia.

Quando S.José voltou,
Já viu a Virgem Maria,
Com o Deus Menino nos braços,
Que no seu véu envolvia.

E veio um Anjo do céu,
Cantando Avé Maria;
E Deus Pai perguntou:
Como ficára Maria.

Maria ficou boa,
Lá em uma estrebaria,
Entre um boi e uma mula,
E S.José por companhia

Vamos todos pastorinhos,
Vamos todos a Belém,
Adorar o Deus Menino,
Mais a sua Virgem Mãe.

Estas casas não são casas,
Não são casas, são casinhas
Tantos anos viva o dono
Como ela tem de pedrinhas..

Senhora dona de casa
Raminho de salsa crua
Na janela de seu quarto
Nasce sol e põe-se lua..

Senhora dona de casa
Raminho de amendoeira
Ainda anda neste mundo
Já no céu tem a cadeira..

Levante-se daí senhora
De cima dessa cortiça;
Ponha a mão no fumeiro,
E dê-nos uma chouriça..

Boas festas, boas festas
Alegria e prazer,
Se p´ró ano cá voltarmos,
Gostaremos de os cá ver..