sexta-feira, 21 de março de 2014

Poema das Árvores


As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
Se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver e sós
E entretanto dar flores.


António Gedeão


quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia do Pai

Pai

Este homem que eu admiro tanto, 
Com todas as suas virtudes e também com seus limites.
Este homem com olhar de menino, sempre pronto e atento,
Mostrando-me o caminho da vida, que está pela frente.

Este mestre contador de histórias
Traz em seu coração tantas memórias,
Espalha no meu caminhar muitas esperanças,
Certezas e confiança.

Este homem alegre e brincalhão,
Mas também, às vezes, silencioso e pensativo,
Homem de fé e grande luta,
Sensível e generoso.

O abraço aconchegante a me acolher, este homem,
Meu pai, com quem aprendo a viver.
Pai, paizinho, paizão...
Meu velho, meu grande amigão, conselheiro e leal amigo:
Infinito é teu coração.

Obrigado, pai, por orientar o meu caminho,
Feito de lutas e incertezas
Mas também de muitas esperanças e sonhos!




sábado, 8 de março de 2014

A ti, Mulher!

A ti, Mulher...
Que nasceste para amar e ser amada,
Criada para dar vida à própria vida
E que és tantas vezes maltratada
Nesta sociedade louca, corroída...

A ti, Mulher...
Que negados vês ainda alguns direitos
E te oprimem da suma liberdade, 
Como se fosses serva fiel da sociedade
Neste mundo sujo em preconceitos...

A ti, Mulher...
Que pela natureza és bênção querida...
E em teu peito tens o leito e dás guarida
À ternura, ao carinho e ao amor...

A ti, Mulher...
Quero exaltar o teu real valor...
Não hoje simplesmente, aqui, agora!
Mas... que o Dia da Mulher - o seja sempre:
- Hoje, amanhã, e a toda a hora,
E te libertes das garras do furor
Desta sociedade incompetente e corrompida!

A ti, Mulher...
Baixa, alta, branca, negra, magra, obesa...
Flor, fruto e semente que dá vida à própria vida;
Que és do carinho e do amor rainha de beleza,
Obra-prima da própria Natureza...
Mulher, filha, esposa, mãe ou avó querida...

A ti, Mulher...
E sem favor... Eu quero exaltar
Nos versos que declamo em teu louvor:
Curvo-me perante ti, Mulher, por seres quem és!
Deixo estes versos a teus pés!
E neles... em cada palavra uma flor!

Fernando Reis Costa